terça-feira, 4 de maio de 2010

A pobreza de Hoje

Sabendo que tanto a Pobreza como a Riqueza são inerentes à humanidade, ou seja, coexistem, correlacionam-se, modificam-se e manifestam-se nos vários estados do progresso social, consoante a época e o lugar, a Pobreza não deixa de ser um fenómeno complementar relacionado sobretudo com o aproveitamento do Conhecimento que a Humanidade tem feito para o seu benefício. Nesta perspectiva, a percepção de ambas depende dos comportamentos de ordem ética e moral, política, económica, educacional, sanitária, que constituem parâmetros de avaliação do grau de desenvolvimento e da capacidade de a sociedade gerir a distribuição da riqueza em acção solidária e no respeito pelos Direitos do Homem. No meu entender, a visão humanista é substituída pela asserção tecnocrata, conduzindo ao campo dos interesses, do lucro, da apropriação da riqueza, do puro domínio utilitarista, bem como ao esquecimento do Progresso construtivo e da Igualdade de oportunidades. Ora o princípio da igualdade de oportunidades constitui um dos objectivos vitais na Agenda Política e é elemento essencial das normas fundamentais de trabalho adoptadas a nível internacional. Porém, a sua dimensão necessita de uma melhor dinâmica na sua disseminação, tanto nas políticas macroeconómicas, como nas políticas contra as discriminações, nomeadamente as “discriminações indirectas”, aparentemente neutras, mas geradoras de desvantagens sem qualquer justificação legítima. Não posso deixar de referir, que Hoje, há que se aperceber da emergência de uma nova pobreza, cujos danos podem ser nefastos, a Pobreza da Imaginação, da Vontade e dos Valores Republicanos. Ora, a falta de Liberdade, característica universal e imutável da pobreza, tem implicações éticas e morais que põem em causa a democracia ao minar os seus fundamentos. Hoje, o verdadeiro sentido da legitimidade é destruído pelo discurso e acção dogmática, alheios à capacidade de proporcionar os meios para que o ser humano seja livre na sua responsabilidade e se realize. A Democracia não se proclama, ela se constrói, pedra por pedra, pelos actores cidadãos. Ela não pode ser percebida unicamente como um regime político, há que considerá-la como sendo um Estado Social, em virtude de determinar a natureza das relações sociais entre os cidadãos. Há que articular a construção interior e a prática da fraternidade e solidariedade, o desenvolvimento espiritual e a implicação social, para fazer irradiar, pela acção, os altos valores republicanos. Evelyn de Moraes e Castro Houard Lisboa, 19 de Abril de 2010

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